sábado, 7 de junho de 2008
Para o amor
Beije-me, sentindo a fragância deste perfume caloroso que corre em minhas veias... Toque-me, como se fosse nossa primeira vez, de encontro à uma casual liberdade.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Mórbido
Pois eu mal notava tua expressão. Tu, sempre sarcástica, me debochavas, teu leito de pura solidão me arrancava do peito um penalidade de ti. E nunca notei os acústicos gritos de minha alma, que brandava por libertação.
Os anônimos rabiscos num papel sem valor, as manchas de batom no espelho do box, tudo era destinado à tua morte fria e calculista. Nada havia de disciplinado em tuas palavras ou em teus gestos. Eu me consolando junto à fotografia pitoresca, deparava-me com teu olhar a notar a rua vazia, mas nada pudera me levar aos teus encantos.
Tu eras como sereia escondida mar adentro, de um perfume inimaginável, era doce aroma exalado; por vezes, eu queria teu corpo de deusa de bronze, por vezes, teu coração de mármore me enojava. Teus cabelos sobre os ombros escorridos, loiros, a brilhar num sol de verão, ou molhados, pingando a água da chuva. Mas tu, sempre gélida, nunca me causaste agonia, já que eu desejava um gesto teu a afagar meu cabelo, eu almejei um olhar – teu olhar – pedindo piedade por teus feitos. No mais, meu desejo era vingar-me de ti por meu sofrer; também queria calcular tua morte, sem que minha consciência soubesse. E agora, com as mãos a tremer, penso que minha alma em ti habitou por instantes flácidos, pois tua partida ao além me causou alegria. E esta lágrima por ti derrama ó perfídia! Dona de meus males cáusticos, deusa do meu obscuro. Meu leito de solidão por ti encerra. E eu nem sei se amei ou se te odiei.
Os anônimos rabiscos num papel sem valor, as manchas de batom no espelho do box, tudo era destinado à tua morte fria e calculista. Nada havia de disciplinado em tuas palavras ou em teus gestos. Eu me consolando junto à fotografia pitoresca, deparava-me com teu olhar a notar a rua vazia, mas nada pudera me levar aos teus encantos.
Tu eras como sereia escondida mar adentro, de um perfume inimaginável, era doce aroma exalado; por vezes, eu queria teu corpo de deusa de bronze, por vezes, teu coração de mármore me enojava. Teus cabelos sobre os ombros escorridos, loiros, a brilhar num sol de verão, ou molhados, pingando a água da chuva. Mas tu, sempre gélida, nunca me causaste agonia, já que eu desejava um gesto teu a afagar meu cabelo, eu almejei um olhar – teu olhar – pedindo piedade por teus feitos. No mais, meu desejo era vingar-me de ti por meu sofrer; também queria calcular tua morte, sem que minha consciência soubesse. E agora, com as mãos a tremer, penso que minha alma em ti habitou por instantes flácidos, pois tua partida ao além me causou alegria. E esta lágrima por ti derrama ó perfídia! Dona de meus males cáusticos, deusa do meu obscuro. Meu leito de solidão por ti encerra. E eu nem sei se amei ou se te odiei.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
"Tem um monstro no meu quarto"
Gritava, penosamente, a pequena Estela, apavorada.
Sua mãe ouviu os gritinhos agudos de seu quarto, onde já caía em sono, levantou-se às pressas e foi socorrer a filha.
Assim que a mãe ascendeu a lâmpada, o monstrengo sumiu.
Estela, chorosa, pedia pra mãe permanecer no quarto até ela dormir. Com amor inexplicável, a mãe abraçou a filha, que dormiu logo, logo, aquecida pelos braços seguros de sua genitora. A mãe sorriu e sussurrou, quase inaudivelmente: "Era só um feixe de luz e a sombra da árvore..."
Apagou a lâmpada, enquanto Estela agora sonhava as mais lindas histórias infantis.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Um coração em mudança
A vida está em constante mudança, o que podemos fazer é acompanhar seu ritmo.
Sara acordou serenamente, como já o fazia todas as manhãs; tinha, por essência, um brilho pacato nos olhos castanhos madeirado. O cheiro da brisa marítima acarinhava seu rosto pequeno e arredondado; sorria com franqueza e era frágil e delicada.
Tratava, no entanto, das aguçadas dores de seu peito; desde que sua irmã partira, não teve a mesma paz. Dulce, sua irmã, era brava mulher, sempre cuidou de Sara com amor maternal, mas com coragem de soldado, partira junto com uma equipe médica, afim de tratar doenças e debater-se sobre leitos indigentes, cumprindo sua missão terra, pelo mundo afora; sua profissão a obrigava, seu amor pelas pessoas a acompanhava.
Sara levantou-se afoita e pôs-se a caminhar pela beira-mar, observando as gaivotas a voar baixinho pelas águas, pequenas embarcações flutuando sobre o mar, algumas perto, outras mais distantes. Sentia na pele macia o sol a lhe trazer boas recordações, de quando criança, nos parques perto de sua antiga morada.
O maior desejo dela era acordar todos os dias com aquela brisa suave, aquele cheiro de vida entrando pela janela, o sol aquecendo as maçãs do rosto numa manhã calma. Portanto, escolhera a casa de seus avós, já falecidos, para morar durante os tempos de Dulce em trabalho.
Sara contava exactos vinte e três anos, naquele dia. Esperava receber um convite de amigos mais chegados para comemorar a data, porém, até então, ninguém propôs-lhe nada, não que esse fosse um motivo para descabelar-se, Sara tinha as melhores companhias que alguém pode esperar. Enquanto caminhava, pensava consigo tantas coisas interessantes que poderia fazê-la feliz - ainda mais - no dia de seu aniversário. Quase não conseguia conter-se em tantas ideias! Andou, aproximadamente, uns oitocentos metros e voltou pra casa, rapidamente.
Adentrou a casa às pressas e, de súbito, o telefone tocou. Seu sorriso fez-se largo e indiscreto. Mas, ao atender, desfez, de imediato, tão belo sorriso.
Isabel, uma amiga, avisara-a que Dulce não teria mais nem três horas de vida. Um derrame cerebral seguido por enfartes instantâneos, seu coração estava parando. Sara não podia salvar quem mais amava em sua vida.
Também quis que o seu coração parasse...
Sara acordou serenamente, como já o fazia todas as manhãs; tinha, por essência, um brilho pacato nos olhos castanhos madeirado. O cheiro da brisa marítima acarinhava seu rosto pequeno e arredondado; sorria com franqueza e era frágil e delicada.
Tratava, no entanto, das aguçadas dores de seu peito; desde que sua irmã partira, não teve a mesma paz. Dulce, sua irmã, era brava mulher, sempre cuidou de Sara com amor maternal, mas com coragem de soldado, partira junto com uma equipe médica, afim de tratar doenças e debater-se sobre leitos indigentes, cumprindo sua missão terra, pelo mundo afora; sua profissão a obrigava, seu amor pelas pessoas a acompanhava.
Sara levantou-se afoita e pôs-se a caminhar pela beira-mar, observando as gaivotas a voar baixinho pelas águas, pequenas embarcações flutuando sobre o mar, algumas perto, outras mais distantes. Sentia na pele macia o sol a lhe trazer boas recordações, de quando criança, nos parques perto de sua antiga morada.
O maior desejo dela era acordar todos os dias com aquela brisa suave, aquele cheiro de vida entrando pela janela, o sol aquecendo as maçãs do rosto numa manhã calma. Portanto, escolhera a casa de seus avós, já falecidos, para morar durante os tempos de Dulce em trabalho.
Sara contava exactos vinte e três anos, naquele dia. Esperava receber um convite de amigos mais chegados para comemorar a data, porém, até então, ninguém propôs-lhe nada, não que esse fosse um motivo para descabelar-se, Sara tinha as melhores companhias que alguém pode esperar. Enquanto caminhava, pensava consigo tantas coisas interessantes que poderia fazê-la feliz - ainda mais - no dia de seu aniversário. Quase não conseguia conter-se em tantas ideias! Andou, aproximadamente, uns oitocentos metros e voltou pra casa, rapidamente.
Adentrou a casa às pressas e, de súbito, o telefone tocou. Seu sorriso fez-se largo e indiscreto. Mas, ao atender, desfez, de imediato, tão belo sorriso.
Isabel, uma amiga, avisara-a que Dulce não teria mais nem três horas de vida. Um derrame cerebral seguido por enfartes instantâneos, seu coração estava parando. Sara não podia salvar quem mais amava em sua vida.
Também quis que o seu coração parasse...
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Presença inaudível...
Nada novo.
Sempre tudo me deixa calma a avulsa;
Meus lábios sentem o beijo molhado [escandalizado]
Que teus lábios encostam;
Sem pressa, no embalo da noite
Que também caminha devagar.
O vento a trazer as lembranças
De teu amor seguro
E eu caminhando naquela ruela
Com medo...
Se nada fosse como foi
Eu estaria bem.
Vinho e vitrola,
Na agitação da avenida...
Pedi aquele capuccino
Pra matar a fome de minha ânsia.
Nada é como antes
Poderá ser melhor
Daqui por diante.
Prefiro supor.
Sempre tudo me deixa calma a avulsa;
Meus lábios sentem o beijo molhado [escandalizado]
Que teus lábios encostam;
Sem pressa, no embalo da noite
Que também caminha devagar.
O vento a trazer as lembranças
De teu amor seguro
E eu caminhando naquela ruela
Com medo...
Se nada fosse como foi
Eu estaria bem.
Vinho e vitrola,
Na agitação da avenida...
Pedi aquele capuccino
Pra matar a fome de minha ânsia.
Nada é como antes
Poderá ser melhor
Daqui por diante.
Prefiro supor.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Joanna
Foi na noite quente daquele verão que conheci Pascoal. Eu usava uma regata e uma bermuda até os joelhos, pois ele me olhava mais o semblante, já que eu estava feliz.
Pascoal Trazia na mochila a recordação de uma primavera desconsolada e noites mal dormidas, conseqüências de boêmias sem fim.
Ele sentou-se no banco daquela praça solitária, só estávamos eu e a noite, olhou-me e perguntou a razão da minha solidão instantânea. Pois assim respondi-lhe com franqueza:
"Meu cavaleiro ainda não chegou. Deve estar lutando por aí, junto com São Jorge, em alguma Lua, ou em alguma mata distante daqui. Mas, disse-me ele que virá me ver."
Pascoal sorriu com a minha declaração e perguntou-me como me chamava. Respondi-lhe Natália, pois naquela vida me parecia favorável àquela conversa agradável, ele me deu a entender que eu pudera sorrir com a brisa mansa de tal noite; também perguntei seu nome, o qual já se sabe...
Então, ele me olhou com uma delicadeza imensa e contou-me sua história.
"Vim de longe. Das terras mais áridas e dos sóis mais bravos. Das areias e da poeira dos desertos quentes durante o dia, frios durante a noite, como todo deserto... Andei milhas para encontrar minha deusa, que foi raptada durante a guerra entre os clãs; não é costumeiro os guerrilheiros fazerem tal arte, mas minha deusa era forte, e comandava oásis por todo o mundo... É uma espécie de jogo de tabuleiro, onde só os reis de verdade imperam! Ah! Minha deusa, quanta falta tenho dela! Ela sorria como as estrelas, cantava como as gaivotas; ela era livre. E era muito bela! Como a Lua, o Sol e a Mãe Natureza juntos!
Levaram-na... Pra onde... Não faço idéia... Ela que sempre me guiava, agora procuro ela, a fim de tomar meu rumo... Onde ela está?! Gostaria de ao menos trilhar o caminho que 'a Bela' - é assim que a chamo - me ensinou, mas me falta o rumo... De fato, procurei-a em todos os campos de batalha, 'a Bela' me mostrou como ser forte e como chorar com sinceridade. Mas agora a falta dela me sufoca muito mais que a poeira que aspirei!
‘A Bela’ me mostrou como sobreviver a este mundo pérfido e tão necessitado do amor da alma, mas sem ela é quase impossível...”
Em um breve intervalo, lembrei-me de Shakespeare: “Se você ama alguém ou algo, deixe que parta. Se voltar é porque é seu, se não voltar, é porque não deveria”.
E ele continuou.
“Em dois anos, estive em um grande reino, onde me arranjei por lá e consegui alguma notícia sobre ela, mas sempre que pedia pra partir, todo o reino não deixava... Não sei se era porque era querido ou porque servia de cavaleiro de montaria e ensinei muitos truques de guerra aos moços.
Enfim, não suportei por muito tempo e parti com o firme propósito de encontrar minha deusa. Segui as pistas que me eram chegadas, por todas as bandas do oeste asiático ouviram-se gritos de guerra, provocado entre os clãs, e lá viam ‘a Bela’, amarrada às costas de algum dos cavaleiros, exposta aos combates. ‘A Bela’ sempre lutara com muita garra, mas tal situação era devastadora para a minha deusa: desidratada, faminta, sem armamentos, enfim, sozinha.
Nunca me cansei de imaginar suas dores, embora toda a bravura de minha deusa; era mais dolorido em mim... Ah! Quanto senti por ter permitido minha deusa entre tantas espadas e escudos! Jamais deveria ter deixado ‘a Bela’ tomar decisões tão escrupulosas... Mas, o que poderia fazer?! Ela tomava suas próprias decisões, sem consultar sequer a si mesma! Era imediato. Não poderia a impedir.
Minha deusa foi levada pelos guerrilheiros e há muito ouço rumores de que ‘a Bela’ está sem vida. Por isso, este pobre perambula pelas estradas mundanas, sentindo nos pés a dor das pedras dos caminhos. Às vezes adormeço em qualquer lugar e acordo com a chuva pingando em meu rosto, ou, às vezes, passo dias e noites sem sono algum, lembrando da fisionomia mansa e das palavras bravas de minha deusa. Ela chamava-se Joanna.”
Nisso, Pascoal deixou cair uma gota de sua retina, mais parecia uma criança desamparada. Acolhi sua lágrima com carinho e receio.
Ele levantou, agradeceu-me e partiu.
Pascoal Trazia na mochila a recordação de uma primavera desconsolada e noites mal dormidas, conseqüências de boêmias sem fim.
Ele sentou-se no banco daquela praça solitária, só estávamos eu e a noite, olhou-me e perguntou a razão da minha solidão instantânea. Pois assim respondi-lhe com franqueza:
"Meu cavaleiro ainda não chegou. Deve estar lutando por aí, junto com São Jorge, em alguma Lua, ou em alguma mata distante daqui. Mas, disse-me ele que virá me ver."
Pascoal sorriu com a minha declaração e perguntou-me como me chamava. Respondi-lhe Natália, pois naquela vida me parecia favorável àquela conversa agradável, ele me deu a entender que eu pudera sorrir com a brisa mansa de tal noite; também perguntei seu nome, o qual já se sabe...
Então, ele me olhou com uma delicadeza imensa e contou-me sua história.
"Vim de longe. Das terras mais áridas e dos sóis mais bravos. Das areias e da poeira dos desertos quentes durante o dia, frios durante a noite, como todo deserto... Andei milhas para encontrar minha deusa, que foi raptada durante a guerra entre os clãs; não é costumeiro os guerrilheiros fazerem tal arte, mas minha deusa era forte, e comandava oásis por todo o mundo... É uma espécie de jogo de tabuleiro, onde só os reis de verdade imperam! Ah! Minha deusa, quanta falta tenho dela! Ela sorria como as estrelas, cantava como as gaivotas; ela era livre. E era muito bela! Como a Lua, o Sol e a Mãe Natureza juntos!
Levaram-na... Pra onde... Não faço idéia... Ela que sempre me guiava, agora procuro ela, a fim de tomar meu rumo... Onde ela está?! Gostaria de ao menos trilhar o caminho que 'a Bela' - é assim que a chamo - me ensinou, mas me falta o rumo... De fato, procurei-a em todos os campos de batalha, 'a Bela' me mostrou como ser forte e como chorar com sinceridade. Mas agora a falta dela me sufoca muito mais que a poeira que aspirei!
‘A Bela’ me mostrou como sobreviver a este mundo pérfido e tão necessitado do amor da alma, mas sem ela é quase impossível...”
Em um breve intervalo, lembrei-me de Shakespeare: “Se você ama alguém ou algo, deixe que parta. Se voltar é porque é seu, se não voltar, é porque não deveria”.
E ele continuou.
“Em dois anos, estive em um grande reino, onde me arranjei por lá e consegui alguma notícia sobre ela, mas sempre que pedia pra partir, todo o reino não deixava... Não sei se era porque era querido ou porque servia de cavaleiro de montaria e ensinei muitos truques de guerra aos moços.
Enfim, não suportei por muito tempo e parti com o firme propósito de encontrar minha deusa. Segui as pistas que me eram chegadas, por todas as bandas do oeste asiático ouviram-se gritos de guerra, provocado entre os clãs, e lá viam ‘a Bela’, amarrada às costas de algum dos cavaleiros, exposta aos combates. ‘A Bela’ sempre lutara com muita garra, mas tal situação era devastadora para a minha deusa: desidratada, faminta, sem armamentos, enfim, sozinha.
Nunca me cansei de imaginar suas dores, embora toda a bravura de minha deusa; era mais dolorido em mim... Ah! Quanto senti por ter permitido minha deusa entre tantas espadas e escudos! Jamais deveria ter deixado ‘a Bela’ tomar decisões tão escrupulosas... Mas, o que poderia fazer?! Ela tomava suas próprias decisões, sem consultar sequer a si mesma! Era imediato. Não poderia a impedir.
Minha deusa foi levada pelos guerrilheiros e há muito ouço rumores de que ‘a Bela’ está sem vida. Por isso, este pobre perambula pelas estradas mundanas, sentindo nos pés a dor das pedras dos caminhos. Às vezes adormeço em qualquer lugar e acordo com a chuva pingando em meu rosto, ou, às vezes, passo dias e noites sem sono algum, lembrando da fisionomia mansa e das palavras bravas de minha deusa. Ela chamava-se Joanna.”
Nisso, Pascoal deixou cair uma gota de sua retina, mais parecia uma criança desamparada. Acolhi sua lágrima com carinho e receio.
Ele levantou, agradeceu-me e partiu.
domingo, 6 de abril de 2008
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