Pois eu mal notava tua expressão. Tu, sempre sarcástica, me debochavas, teu leito de pura solidão me arrancava do peito um penalidade de ti. E nunca notei os acústicos gritos de minha alma, que brandava por libertação.
Os anônimos rabiscos num papel sem valor, as manchas de batom no espelho do box, tudo era destinado à tua morte fria e calculista. Nada havia de disciplinado em tuas palavras ou em teus gestos. Eu me consolando junto à fotografia pitoresca, deparava-me com teu olhar a notar a rua vazia, mas nada pudera me levar aos teus encantos.
Tu eras como sereia escondida mar adentro, de um perfume inimaginável, era doce aroma exalado; por vezes, eu queria teu corpo de deusa de bronze, por vezes, teu coração de mármore me enojava. Teus cabelos sobre os ombros escorridos, loiros, a brilhar num sol de verão, ou molhados, pingando a água da chuva. Mas tu, sempre gélida, nunca me causaste agonia, já que eu desejava um gesto teu a afagar meu cabelo, eu almejei um olhar – teu olhar – pedindo piedade por teus feitos. No mais, meu desejo era vingar-me de ti por meu sofrer; também queria calcular tua morte, sem que minha consciência soubesse. E agora, com as mãos a tremer, penso que minha alma em ti habitou por instantes flácidos, pois tua partida ao além me causou alegria. E esta lágrima por ti derrama ó perfídia! Dona de meus males cáusticos, deusa do meu obscuro. Meu leito de solidão por ti encerra. E eu nem sei se amei ou se te odiei.
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3 comentários:
Humano acima do mórbido!
Aceitemos a morbidez que nos toma... Quem não a sentiu?
Lembrai, minha cara:
O ódio é o sentimento mais próximo do amor.
Loucuras, loucuras...
;*
Ana, ana... tão de extremos... Ora tão amorosa, ora tão vingativa! Mas as melhores coisas na vida mostram seus lados preto-e-branco, meio arco-íris!
;D
Parece traduzir um afeto tão intrísico que não se traduz, apenas se descreve.
Mórbido? é momento.
O sentir e sofrer do sentir, que torrnam mórbidos esses momentos.
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