sábado, 7 de junho de 2008

Para o amor









Beije-me, sentindo a fragância deste perfume caloroso que corre em minhas veias... Toque-me, como se fosse nossa primeira vez, de encontro à uma casual liberdade.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mórbido

Pois eu mal notava tua expressão. Tu, sempre sarcástica, me debochavas, teu leito de pura solidão me arrancava do peito um penalidade de ti. E nunca notei os acústicos gritos de minha alma, que brandava por libertação.
Os anônimos rabiscos num papel sem valor, as manchas de batom no espelho do box, tudo era destinado à tua morte fria e calculista. Nada havia de disciplinado em tuas palavras ou em teus gestos. Eu me consolando junto à fotografia pitoresca, deparava-me com teu olhar a notar a rua vazia, mas nada pudera me levar aos teus encantos.
Tu eras como sereia escondida mar adentro, de um perfume inimaginável, era doce aroma exalado; por vezes, eu queria teu corpo de deusa de bronze, por vezes, teu coração de mármore me enojava. Teus cabelos sobre os ombros escorridos, loiros, a brilhar num sol de verão, ou molhados, pingando a água da chuva. Mas tu, sempre gélida, nunca me causaste agonia, já que eu desejava um gesto teu a afagar meu cabelo, eu almejei um olhar – teu olhar – pedindo piedade por teus feitos. No mais, meu desejo era vingar-me de ti por meu sofrer; também queria calcular tua morte, sem que minha consciência soubesse. E agora, com as mãos a tremer, penso que minha alma em ti habitou por instantes flácidos, pois tua partida ao além me causou alegria. E esta lágrima por ti derrama ó perfídia! Dona de meus males cáusticos, deusa do meu obscuro. Meu leito de solidão por ti encerra. E eu nem sei se amei ou se te odiei.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

"Tem um monstro no meu quarto"


Gritava, penosamente, a pequena Estela, apavorada.
Sua mãe ouviu os gritinhos agudos de seu quarto, onde já caía em sono, levantou-se às pressas e foi socorrer a filha.
Assim que a mãe ascendeu a lâmpada, o monstrengo sumiu.
Estela, chorosa, pedia pra mãe permanecer no quarto até ela dormir. Com amor inexplicável, a mãe abraçou a filha, que dormiu logo, logo, aquecida pelos braços seguros de sua genitora. A mãe sorriu e sussurrou, quase inaudivelmente: "Era só um feixe de luz e a sombra da árvore..."

Apagou a lâmpada, enquanto Estela agora sonhava as mais lindas histórias infantis.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Um coração em mudança

A vida está em constante mudança, o que podemos fazer é acompanhar seu ritmo.


Sara acordou serenamente, como já o fazia todas as manhãs; tinha, por essência, um brilho pacato nos olhos castanhos madeirado. O cheiro da brisa marítima acarinhava seu rosto pequeno e arredondado; sorria com franqueza e era frágil e delicada.
Tratava, no entanto, das aguçadas dores de seu peito; desde que sua irmã partira, não teve a mesma paz. Dulce, sua irmã, era brava mulher, sempre cuidou de Sara com amor maternal, mas com coragem de soldado, partira junto com uma equipe médica, afim de tratar doenças e debater-se sobre leitos indigentes, cumprindo sua missão terra, pelo mundo afora; sua profissão a obrigava, seu amor pelas pessoas a acompanhava.
Sara levantou-se afoita e pôs-se a caminhar pela beira-mar, observando as gaivotas a voar baixinho pelas águas, pequenas embarcações flutuando sobre o mar, algumas perto, outras mais distantes. Sentia na pele macia o sol a lhe trazer boas recordações, de quando criança, nos parques perto de sua antiga morada.
O maior desejo dela era acordar todos os dias com aquela brisa suave, aquele cheiro de vida entrando pela janela, o sol aquecendo as maçãs do rosto numa manhã calma. Portanto, escolhera a casa de seus avós, já falecidos, para morar durante os tempos de Dulce em trabalho.
Sara contava exactos vinte e três anos, naquele dia. Esperava receber um convite de amigos mais chegados para comemorar a data, porém, até então, ninguém propôs-lhe nada, não que esse fosse um motivo para descabelar-se, Sara tinha as melhores companhias que alguém pode esperar. Enquanto caminhava, pensava consigo tantas coisas interessantes que poderia fazê-la feliz - ainda mais - no dia de seu aniversário. Quase não conseguia conter-se em tantas ideias! Andou, aproximadamente, uns oitocentos metros e voltou pra casa, rapidamente.
Adentrou a casa às pressas e, de súbito, o telefone tocou. Seu sorriso fez-se largo e indiscreto. Mas, ao atender, desfez, de imediato, tão belo sorriso.
Isabel, uma amiga, avisara-a que Dulce não teria mais nem três horas de vida. Um derrame cerebral seguido por enfartes instantâneos, seu coração estava parando. Sara não podia salvar quem mais amava em sua vida.
Também quis que o seu coração parasse...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Presença inaudível...

Nada novo.
Sempre tudo me deixa calma a avulsa;
Meus lábios sentem o beijo molhado [escandalizado]
Que teus lábios encostam;
Sem pressa, no embalo da noite
Que também caminha devagar.

O vento a trazer as lembranças
De teu amor seguro
E eu caminhando naquela ruela
Com medo...
Se nada fosse como foi
Eu estaria bem.

Vinho e vitrola,
Na agitação da avenida...
Pedi aquele capuccino
Pra matar a fome de minha ânsia.
Nada é como antes
Poderá ser melhor
Daqui por diante.

Prefiro supor.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Joanna

Foi na noite quente daquele verão que conheci Pascoal. Eu usava uma regata e uma bermuda até os joelhos, pois ele me olhava mais o semblante, já que eu estava feliz.
Pascoal Trazia na mochila a recordação de uma primavera desconsolada e noites mal dormidas, conseqüências de boêmias sem fim.
Ele sentou-se no banco daquela praça solitária, só estávamos eu e a noite, olhou-me e perguntou a razão da minha solidão instantânea. Pois assim respondi-lhe com franqueza:
"Meu cavaleiro ainda não chegou. Deve estar lutando por aí, junto com São Jorge, em alguma Lua, ou em alguma mata distante daqui. Mas, disse-me ele que virá me ver."
Pascoal sorriu com a minha declaração e perguntou-me como me chamava. Respondi-lhe Natália, pois naquela vida me parecia favorável àquela conversa agradável, ele me deu a entender que eu pudera sorrir com a brisa mansa de tal noite; também perguntei seu nome, o qual já se sabe...
Então, ele me olhou com uma delicadeza imensa e contou-me sua história.
"Vim de longe. Das terras mais áridas e dos sóis mais bravos. Das areias e da poeira dos desertos quentes durante o dia, frios durante a noite, como todo deserto... Andei milhas para encontrar minha deusa, que foi raptada durante a guerra entre os clãs; não é costumeiro os guerrilheiros fazerem tal arte, mas minha deusa era forte, e comandava oásis por todo o mundo... É uma espécie de jogo de tabuleiro, onde só os reis de verdade imperam! Ah! Minha deusa, quanta falta tenho dela! Ela sorria como as estrelas, cantava como as gaivotas; ela era livre. E era muito bela! Como a Lua, o Sol e a Mãe Natureza juntos!
Levaram-na... Pra onde... Não faço idéia... Ela que sempre me guiava, agora procuro ela, a fim de tomar meu rumo... Onde ela está?! Gostaria de ao menos trilhar o caminho que 'a Bela' - é assim que a chamo - me ensinou, mas me falta o rumo... De fato, procurei-a em todos os campos de batalha, 'a Bela' me mostrou como ser forte e como chorar com sinceridade. Mas agora a falta dela me sufoca muito mais que a poeira que aspirei!
‘A Bela’ me mostrou como sobreviver a este mundo pérfido e tão necessitado do amor da alma, mas sem ela é quase impossível...”
Em um breve intervalo, lembrei-me de Shakespeare: “Se você ama alguém ou algo, deixe que parta. Se voltar é porque é seu, se não voltar, é porque não deveria”.
E ele continuou.
“Em dois anos, estive em um grande reino, onde me arranjei por lá e consegui alguma notícia sobre ela, mas sempre que pedia pra partir, todo o reino não deixava... Não sei se era porque era querido ou porque servia de cavaleiro de montaria e ensinei muitos truques de guerra aos moços.
Enfim, não suportei por muito tempo e parti com o firme propósito de encontrar minha deusa. Segui as pistas que me eram chegadas, por todas as bandas do oeste asiático ouviram-se gritos de guerra, provocado entre os clãs, e lá viam ‘a Bela’, amarrada às costas de algum dos cavaleiros, exposta aos combates. ‘A Bela’ sempre lutara com muita garra, mas tal situação era devastadora para a minha deusa: desidratada, faminta, sem armamentos, enfim, sozinha.
Nunca me cansei de imaginar suas dores, embora toda a bravura de minha deusa; era mais dolorido em mim... Ah! Quanto senti por ter permitido minha deusa entre tantas espadas e escudos! Jamais deveria ter deixado ‘a Bela’ tomar decisões tão escrupulosas... Mas, o que poderia fazer?! Ela tomava suas próprias decisões, sem consultar sequer a si mesma! Era imediato. Não poderia a impedir.
Minha deusa foi levada pelos guerrilheiros e há muito ouço rumores de que ‘a Bela’ está sem vida. Por isso, este pobre perambula pelas estradas mundanas, sentindo nos pés a dor das pedras dos caminhos. Às vezes adormeço em qualquer lugar e acordo com a chuva pingando em meu rosto, ou, às vezes, passo dias e noites sem sono algum, lembrando da fisionomia mansa e das palavras bravas de minha deusa. Ela chamava-se Joanna.”
Nisso, Pascoal deixou cair uma gota de sua retina, mais parecia uma criança desamparada. Acolhi sua lágrima com carinho e receio.
Ele levantou, agradeceu-me e partiu.

domingo, 6 de abril de 2008

Meu aborrecimento

Já dizia Raul: "Quando Freud explica o diabo fica dando os toques"

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Sempre o Tempo!


Sempre o tempo, o tempo que não passa, que fica lá pendurado, me esticando, monitorando os meus dias, que o vendo passar, querendo fazer alguma coisa, os braços cruzam-se o vendo passar.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Apologia ao Tempo

Um pensar corroído
Obstante um tempo passado
Remoto, que alucina
Cria especulações

Não denota a saliência
Da fúria de dragões
Para a inconveniência
De males que afetam

Porque tempo não corrói
As rugas do rosto
Apenas instruciona
O que haveria de ser feito

De uma forma simbólica
Uma margem de erros
Progressos e sucessões
É mais que uma gramática

E toda língua humana
Não há elixir que prolongue
A vida e o tempo nosso
Tempo forte, tempo louco

Nem sequer me deixa quieto
Sinto as veias corriqueiras
Do tempo que já perdi
Um mensageiro do tempo

Olha pro tempo perdido
Sente o cheiro da saudade
Insinua a esperança
Do tempo que ainda virá


Meio poema desconcertado, de uma noite tranqüila e amedrontado pelos lados...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Pensamento?!?

Amar sem ter por quê... Amar porque se ama... Amar, amar, amar...
"Se eu não sou deste mundo então por que estou aqui? Se eu for perguntar pra Deus ele não vai me responder, eu faço um caminho onde a guerra ataca precisamente sem aviso prévio."

sábado, 1 de março de 2008

Uma Amanda

Amanda despedaçava seus sonhos, involuntariamente. Buscava a cada dia renovar seu arquivo de tranqüilidade, mas tornava-se cada vez mais atormentada. Queria distingüir realidade e fantasia, mas tudo era distorcido aos seus olhos.
Agora Amanda sangrava, definhava; suas mãos não obedeciam os comandos de seu cérebro. Amanda estava morrendo, mas sem sentir seus pulsos doloridos, e enojadamente, sentia sua alma caindo num abismo, gritando por socorro. Ela não fora capaz de se salvar.
Olhou ao redor, o que via era a negra penumbra do quarto e seu sangue escorrendo pelo chão limpo.
"Daqui a umas horas serei apenas mais um corpo no necrotério, na sala de autópsias."
Há muito tempo, Amanda pedira paz, hasteara a bandeira branca, mas a verocidade da sua morte gritara mais alto.
Amanda fechou os olhos e adormeceu.
Mesmo de olhos fechados, via fantasmas ao seu redor, dizendo que todo o feito fora em vão, ali ela estava mais perdida. As saídas não existiam, e um labirinto começou a formar-se na mente da pobre e inocente jovem Amanda.

Quando abriu os olhos, sobressaltada, uma mão pousou leve em sua testa. "Descansa!". Ouviu um sussurro. Olhou para o teto, mas a claridade a impedia de enxergar qualquer coisa. Fechou os olhos, duvidando de sua vida e também do paraíso.

Foram horas seguidas de total confusão entre o sonho da vida e sono da morte.
Amanda sentia a mão que pousara em sua testa sobre sua mão, tão pequena e fria, enquanto a outra tão calorosa lhe passava a sensação de um abrigo seguro.
Sua respiração ficava cada vez mais difícil, os tubos no nariz e na boca incomodavam-na. "Que ótimo! Eu não morri!" - ironizou em pensamento -. Alguém lutara pela vida de Amanda, mas não existia motivo algum para este feito. Ela queria, verdadeiramente, deixar a vida. E aquilo a fez sentir uma repulsa ainda maior.

Dois meses após a saída de Amanda do hospital (com uma bela história pra contar não sabia pra quem), o médico gentil que ficara velando dia e noite por ela vai até sua casa para visitar-lhe, mas a encontra deitada no chão, a cabeça envolta de uma poça de seu próprio sangue, os olhinhos castanhos ainda abertos, despida, um bilhete na mão e um revólver na outra.

"Faço minhas tuas palavras

Estou despida por que me masturbei pela última vez em minha vida, se a morte é prazerosa pra quem a tira, gostaria de sentir dois prazeres, um após o outro. Tudo o mais é superficial e ingênuo. A bala que está dentro de minha cabeça agora percorreu todo o meu corpo. 'Não se assuste com a morte, pois a vida trás consigo conseqüências bem piores, inclusive o suicídio...' Foi isso que ouvi de tua boca.
Perdoe-me pelo tempo que o fiz perder em cuidar de mim, mas não quero viver mais um segundo. A ausência da vida é melhor que a solidão em que me encontrava."

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Desequilíbrio escrito em vermelho

Olhei bem pra tua face e agradeci ao céu por estar ali. Teus olhos me diziam mais que um simples "te quero", que eu te devolvia com uma "frase-olhar", nada discreta: "também quero te devorar"...
Nos abraçamos como se tivéssemos nos visto há anos, e uma saudosa lembrança quase que imperceptível nos invadia a alma. Como mergulhadores de encontro às profundezas oceânicas, nos beijamos, dispostos a encarar cada nova descoberta; teu corpo, meu corpo. Nos afagamos e eu podia sentir teu corpo estremecer com o toque de minhas mãos, assim como meu corpo se contorcia ao toque de teus lábios. Tu me afagava os cabelos, a nuca, com a ponta dos dedos e aquilo me fazia delirar, excitando-me, amavelmente.
O quarto pequeno tornara-se, fantasiadamente, o universo inteiro, apenas pra nós dois; ao passo que aumentávamos nossos estímulos mentais ligados naquele místico e envolvente abraço a claridade daquela tarde ensolarada, vinda da janela, parecia cair ao pôr-do-sol, ou seria apenas surtos de nossos hormônios com o calor de nossos corpos despidos e colados com o suor um do outro; um choque perene.
Nada mais nos interessava naquele longo espaço de tempo. Fazíamos amor como qualquer outro casal, mas "sem malabarismos"... Apenas nos desejávamos mais ainda.
Inocência ou malícia, pecado ou perdão, loucura ou sabedoria, tudo ao mesmo tempo; tudo à seu tempo.
E aquela tarde, que não será esquecida, nos trouxe sensações jamais experimentadas, pois ali libertamos nossos medos e esquecemos se éramos culpados ou não...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Quando entrei em casa, Daniele arrumava suas coisas, provavelmente para ir embora.
Resolvi não ficar ali mais um dia também... Sempre me trazia recordações, que, no entanto, não me seriam favoráveis; peguei uma caixa e começei a colocar meus pertences, minhas roupas numa mochila, meus calçados; enquanto isso, a minha cabeça fervilhava idéias inúteis e um sentimento de desprezo invadia meu foro íntimo; ela chorava sem parar, e eu trancava o choro goela abaixo, mas era desnecessário, pois ela percebia minha angústia, sem sequer olhar nos meus olhos...
No dvd rolava um som conhecido e que caía bem naquele momento - Mudaram as estações, nada mudou, mas sei que alguma coisa aconteceu. Tá tudo assim, tão diferente. Se lembra quando a gente chegou um dia acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba. Mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém só penso em você e aí, então, estamos bem. Mesmo com tantos motivos pra deixar como está nem desistir, nem tentar agora, tanto faz... Estamos indo de volta pra casa... - É, estávamos indo de volta pra casa, nos abraçamos, mas sabíamos o quanto seria imperdoável pra nós mesmos se continuássemos...
Daniele vive tranqüilamente hoje. Mas eu ainda tento encontrar o que Daniele disse que iria encontrar: felicidade plena.

Relatos de Adriana, 16 de Fevereiro de 2008.

Longe Demais

Observei-a com cautela e fascínio. Ela andava meio desnorteada por causa do peso na mochila. Estava exuberando charme. Era como se uma "doçura" a envolvesse totalmente...
Marie tinha quatro aninhos e se comportava como uma mocinha, pronta para encarar a adolescência (aquela fase conturbada que muitos acreditam ser a pior!), quando ela, de repente parou e me encarou.
Desarmei-me. Não sabia como reagir. Ela estava radiante! Os cabelos amarelinhos, olhos verdes e a boca pintada de vermelho. Tão nova e já tão vaidosa! Segurei sua mão e perguntei-lhe:
- Que houve, Marie? Por quê paramos?
- Mamãe, é verdade que as pessoas quando crescem se tornam más?
Aquela pergunta me surpreendeu. Tal pergunta não faria sentido, saído da boca de uma menina de quatro anos. Mas respondí-lhe da maneira como poderia:
- Não, Marie, não é verdade. As pessoas se tornam más por vários motivos, e geralmente não só quando crescem. Se um pai ou uma mãe abandona uma criança, há chances dessa criança se tornar indiferente quando crescer, ou mesmo quando criança...
- Então, mamãe, acho melhor a senhora me mudar de colégio, por que aprendi isso lá. A professora se acha melhor que todos lá, mamãe, isso é feio, não é?
- É sim, Marie, e também acho que é melhor você estudar em um outro lugar.

Fiquei pensnando no que Marie me disse sobre sua professora, e percebi que existem pessoas ensinando desgraças aos alunos de idade entre quatro e cinco anos. O egoísmo e o orgulho torna as pessoas tão frágeis que são capazes de não passar ensinamentos úteis.
Pessoas com essa "incapacidade" deveriam afastar de pequeninos, que, por sinal, são mais sábios que nós, e nos transmitem idéias cativantes. Enquanto mais velhos, talvez por sua ignorância ou saliência pela sabedoria, acabam transtornando e prejudicando mentes ainda em desenvolvimento na infância.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Breve Sintonia

Vou deslocar as nuvens
Com meu olhar passageiro
Pressinto que nas estantes
Corra sangue verdadeiro
De poeta amado e raro
Como quem quer ser sugado
Para o mundo mensageiro

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Atalhos

Existem caminhos indicando qualquer direção
Será que existe um atalho ao coração?
O coração humano, sempre reservado
As vezes quieto, sombrio e calado...
As vezes alegre, mas que nunca revela
O que há por trás das paredes, da tela
De um coração que age conforme não quer
Sabendo que lá dentro há uma ferida a doer...
Ainda encontro um atalho para os corações
Que crepitam de ódio, arrastando nações
Pois é neles que se faz morada
A morada de um Amor Divino, que pode ser nada
Aos que vêem com desprezo total
Sei que o que precisam é de um toque final
Para que ainda haja Paz no mundo
O Amor Divino estancará profundo
Fazendo com que as chagas do rancor
Caiam por terra, assim que o Amor
Entrar em cena...
Em atalho, em arte, sem pena.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Olhares

Ele olhou nos meus olhos. Eu também o encarei, gostava daquele tipo de coisa, e raramente alguém me olha nos olhos sem antes olhar o meu corpo... Mas, ele me olhou bem diferente... E eu confesso que me envolvi... Não sabia se estava fazendo aquilo por que gostava ou por que também sentia algo que me acomodava quando ele me olhava... Mais um gole de Bacardi Limon... Ele, mais um gole de Vodka Sminorf... Bom, pelo ao menos só tomei aquela dose... A cidade estava deserta, e eu não soube esperar o Carnaval chegar... Quinta-feira... Um parque... Eu... Ele... Um beijo... Que beijo!...
Envolveu! Pronto! Não faltava nada mais... Certo... Tinha alguns pedentes a resolver, mas isso só depois da Quarta-feira de Cinzas...

(...)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Sonho? Onde?

A Broadway nunca contará a minha historinha, talvez por que eu não passe de uma garotinha que sonha em ser alguém na vida, que quer cantar e dançar, mas não conforme a música.

"É um castelinho de pedras, recheado de sonhos, em que a princesa quase morta de fome debruça-se sobre a janela, à espera do príncipe encantado... Mas cadê o príncipe? Ele também pouco se importa em vir salvar a princesa, ele tem um jogo de boliche ou de pôquer com os amigos e não pode desmacar... Então, a princesa fica lá no castelinho, até definhar completamente."

Que história triste! Ela não terminou com um final feliz. Não é assim que as histórias terminam. Minha confabulação está completamente desorientada, talvez eu esteja muito mal-informada, ou talvez a minha lógica não tem nada a ver com as convicções dos outros!

Nada interessante, nada a declarar. E eu não quero ser a princesa que aguarda o príncipe. Querem saber mais? Se eu fosse essa princesa eu seria mais inteligente e daria um jeito de sair daquela torre ridícula...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Ela entrou em casa com um ar esbaforido. Tudo bem, preciso respirar, um copo d'água, vou ficar legal. Uauuu, nem acredito... Dizia a si mesmo o tempo todo. Tomou água, sentou no sofá, mas não conseguiu ficar por muito tempo. Pegou o telefone. Ligo ou não? Repetia a cada trinta segundos.

Entrou no banheiro às pressas, tomou um banho às pressas e correu pro quarto. Pegou a agenda, ela tinha que anotar aquele número em algum lugar, apesar de poder pedi-lo outra vez, mas não queria. Colocou o número na agenda.

Nós ficamos hoje. É uma pena que ele vá viajar amanhã, se não repetiríamos a dose, com mais perfeição. E ainda nem acredito que fiquei com ele, afinal de contas, ele é meu professor de português... Pensava, eufórica.

Acendou um cigarro e colocou a mão no bolso, ele dera uma corretinha com a imagem de um anjinho, que fofo! Só poderia estar feliz. Louca, como ela, se não conseguisse, passaria o resto do ano e o ano que vem, e mais outro ano, só pensando. "Tive a chance e disperdicei." Mas ela iria passar o resto do ano pensando: Eu consegui!

O telefone tocou e ela correu pra atender. Era ele!!
"Oi."
"Surpresa! Não vou viajar amanhã."

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pretexto [para escrever algo]

Automaticamente, por conseqüência de minhas próprias palavras, estou apta a dirigir-me de qualquer ponto de partida à qualquer ponto de chegada.
Sem muitos por quês quero continuar numa caminhada, fazendo o possível para adquirir força e relevância o sufiente, ou ao menos estampar no rosto um sorriso bonito e leve.
;)
Paz.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Um homem

Por que sempre soube seguir
Um longo caminho que andou
Um longo deserto que atravessou
Um longo dia que passou
Um longo beijo que ganhou
Um longo aroma notou
Uma longa vida exalou

sábado, 19 de janeiro de 2008

Aula de quê?

Vi ambos passarem de mãos dadas, não resisti e perguntei:
"Há quanto tempo estão juntos?"
Eles se olharam espantados, mas foram gentis: "Há três meses, algum problema?"
"Não. É que parecem tão sólidos..."
"Na verdade, somos sólidos pela maneira de nos simplificarmos, esperamos que entenda."
Sorriram e continuaram seu caminho.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Um monte, uma noite e um cachecol.

O tempo fechou, abriu-se à clareza de instantâneos sorrisos. Mas a lua estava tão linda, não parecia decalcada no céu, como sempre acreditara. Ele entrou e avisou que perfeitamente estávamos. Sem que o tempo esqueça minhas dúvidas. Sem que a proeza dos dias marque minhas glórias. Sem que percebesse. Amava sem pensar. Pensava em amar. A solidez da cama entre o calor da intensidade nobre, um sentimento dádiva de mágoas e ressentimentos. Um toque suave. Um doce aroma, um vinho gelado, um jarro em rosas, um amor sem satisfação, sem dificuldade. Sem hesitações. Uma voz deslumbrante, um som encantador e fascinante. Uma busca pela mirra incendiante. E é pela minuciosa peça de vidro que interage em dois corpos que o Alfa presencia a vitalidade de cada sentido e o Ômega distancia o que poderia formar. Diante das circunstâncias o rascunho vira página, dilata toda margem de erro, acaba por naturalizar-se eterno. Sem pretexto, ensaios e falsas intenções. Como façanha real. Como absoluto. Como duas almas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Carta ao Sistema

Vamos adquirir uma vida agradável aos olhos da sociedade, desejamos transformar-nos nos bonequinhos do teatro daquela peça a qual assistimos no Planalto. "Desde quando a alegria alheia nos alegra? Queremos sentir a dor do próximo?"
Estão informados sobre nossos métodos de sobrevivência? Precisamos, realmente, usar a rídicula imagem que informa ou denuncia nossa ignorância?
A nossa saliência pelo poder é mais inútil que nossa sede de água (em si). E a poeira da estrada que não cessa... Ah! Desculpem-me! São as nossas vidas decalcadas. São nossas estradas empanadas, cobertas para que não vejam nossa podridão. Com a presente informação (que já creio que estão informados) demonstramos nosso luto: o País, o mundo que gira em torno de vossas cabeças.
Excelentíssimos, perdoem-me, não posso protestar de outra maneira. Sou apenas aquela que adere aos meios mais difíceis e ao mesmo tempo que vocês fecham os olhos diante dos perdidos com a mão na cabeça eu ponho a caneta na mão e as idéias na cabeça...
Adianta? Não! Perdi meu tempo precioso, pois a esta hora eu já deveria estar dormindo... Mas não me custou um centavo cada sílaba que saiu de minha mente (fraca - devem pensar). Sei que não sou tão prudente a ponto de salvar o mundo, mas não sou tão inútil a ponto de fechar os olhos e virar o rosto, como vocês!

Obrigada pela compreensão!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Fascínio

Ela me ofereceu suas estrelas. Divindades.
Repetindo a mesma experiência. Diferente, porém.
Não entendia como era capaz de lisonjear minhas canções românticas. Talvez ela amasse como "Lua e Flor" Talvez a vitrine de meus desatinos fosse sólida ou esconsa demais para perceber.
Era como se um muro caísse sobre minha ponte, que liga minhas idéias e pensamentos aos meus sentidos.
Só restaram escoriações. Mas foi unicamente dócil.
Sua dança, meu raciocínio. Ela tomou posse. Adquiriu força e criatividade. Meus previlégios inundaram sua guarda, meticulosamente.
Um instante. Um sussurro. Uma emoção calorosa. Eu, ela e, sem mais, a noite.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Forte

Enquanto Netuno deslocava-se de Atlântida, eu deslocava-me da Terra. Meus heróis da história em quadrinhos nunca me contaram a verdade. E eu também nunca acreditei nos adultos. Agora, se eu mereço punição, quem melhor que o tempo pra dizer-me. Eu tinha meus meios de sobrevivência. Mas, poderia ser inútil usá-los contra o tempo. Não, jamais ousarei lutar contra o tempo. Ele tem fortes aliados. E eu, me considero pequena demais para isso. Aprendei a arte de amar, ou a arte da guerra, se necessário for, aprenderei alquimia e os segredos do ocultismo, bruxaria ou vulgaridades, mas minhas armas não serão dispostas aos inimigos, para exilarem-me.

Sem conceito algum

É, eu menti.
Mas foi você quem começou...
Achei que pudéssemos adiantar nossos desencontros, nossas quedas.
Mas acho que me enganei. De novo.
Eu sei que não tá sendo fácil pra você, mas pensa por mim também.
Tudo bem, eu não pensei em você.
Bom, você não vai me pedir desculpas, muito menos eu, nós dois erramos.
Somos dois egoístas.
E você não acredita em nossa pequena capacidade.
E eu sei que não somos capazes.

(Delirando)