quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Ela entrou em casa com um ar esbaforido. Tudo bem, preciso respirar, um copo d'água, vou ficar legal. Uauuu, nem acredito... Dizia a si mesmo o tempo todo. Tomou água, sentou no sofá, mas não conseguiu ficar por muito tempo. Pegou o telefone. Ligo ou não? Repetia a cada trinta segundos.

Entrou no banheiro às pressas, tomou um banho às pressas e correu pro quarto. Pegou a agenda, ela tinha que anotar aquele número em algum lugar, apesar de poder pedi-lo outra vez, mas não queria. Colocou o número na agenda.

Nós ficamos hoje. É uma pena que ele vá viajar amanhã, se não repetiríamos a dose, com mais perfeição. E ainda nem acredito que fiquei com ele, afinal de contas, ele é meu professor de português... Pensava, eufórica.

Acendou um cigarro e colocou a mão no bolso, ele dera uma corretinha com a imagem de um anjinho, que fofo! Só poderia estar feliz. Louca, como ela, se não conseguisse, passaria o resto do ano e o ano que vem, e mais outro ano, só pensando. "Tive a chance e disperdicei." Mas ela iria passar o resto do ano pensando: Eu consegui!

O telefone tocou e ela correu pra atender. Era ele!!
"Oi."
"Surpresa! Não vou viajar amanhã."

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pretexto [para escrever algo]

Automaticamente, por conseqüência de minhas próprias palavras, estou apta a dirigir-me de qualquer ponto de partida à qualquer ponto de chegada.
Sem muitos por quês quero continuar numa caminhada, fazendo o possível para adquirir força e relevância o sufiente, ou ao menos estampar no rosto um sorriso bonito e leve.
;)
Paz.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Um homem

Por que sempre soube seguir
Um longo caminho que andou
Um longo deserto que atravessou
Um longo dia que passou
Um longo beijo que ganhou
Um longo aroma notou
Uma longa vida exalou

sábado, 19 de janeiro de 2008

Aula de quê?

Vi ambos passarem de mãos dadas, não resisti e perguntei:
"Há quanto tempo estão juntos?"
Eles se olharam espantados, mas foram gentis: "Há três meses, algum problema?"
"Não. É que parecem tão sólidos..."
"Na verdade, somos sólidos pela maneira de nos simplificarmos, esperamos que entenda."
Sorriram e continuaram seu caminho.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Um monte, uma noite e um cachecol.

O tempo fechou, abriu-se à clareza de instantâneos sorrisos. Mas a lua estava tão linda, não parecia decalcada no céu, como sempre acreditara. Ele entrou e avisou que perfeitamente estávamos. Sem que o tempo esqueça minhas dúvidas. Sem que a proeza dos dias marque minhas glórias. Sem que percebesse. Amava sem pensar. Pensava em amar. A solidez da cama entre o calor da intensidade nobre, um sentimento dádiva de mágoas e ressentimentos. Um toque suave. Um doce aroma, um vinho gelado, um jarro em rosas, um amor sem satisfação, sem dificuldade. Sem hesitações. Uma voz deslumbrante, um som encantador e fascinante. Uma busca pela mirra incendiante. E é pela minuciosa peça de vidro que interage em dois corpos que o Alfa presencia a vitalidade de cada sentido e o Ômega distancia o que poderia formar. Diante das circunstâncias o rascunho vira página, dilata toda margem de erro, acaba por naturalizar-se eterno. Sem pretexto, ensaios e falsas intenções. Como façanha real. Como absoluto. Como duas almas.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Carta ao Sistema

Vamos adquirir uma vida agradável aos olhos da sociedade, desejamos transformar-nos nos bonequinhos do teatro daquela peça a qual assistimos no Planalto. "Desde quando a alegria alheia nos alegra? Queremos sentir a dor do próximo?"
Estão informados sobre nossos métodos de sobrevivência? Precisamos, realmente, usar a rídicula imagem que informa ou denuncia nossa ignorância?
A nossa saliência pelo poder é mais inútil que nossa sede de água (em si). E a poeira da estrada que não cessa... Ah! Desculpem-me! São as nossas vidas decalcadas. São nossas estradas empanadas, cobertas para que não vejam nossa podridão. Com a presente informação (que já creio que estão informados) demonstramos nosso luto: o País, o mundo que gira em torno de vossas cabeças.
Excelentíssimos, perdoem-me, não posso protestar de outra maneira. Sou apenas aquela que adere aos meios mais difíceis e ao mesmo tempo que vocês fecham os olhos diante dos perdidos com a mão na cabeça eu ponho a caneta na mão e as idéias na cabeça...
Adianta? Não! Perdi meu tempo precioso, pois a esta hora eu já deveria estar dormindo... Mas não me custou um centavo cada sílaba que saiu de minha mente (fraca - devem pensar). Sei que não sou tão prudente a ponto de salvar o mundo, mas não sou tão inútil a ponto de fechar os olhos e virar o rosto, como vocês!

Obrigada pela compreensão!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Fascínio

Ela me ofereceu suas estrelas. Divindades.
Repetindo a mesma experiência. Diferente, porém.
Não entendia como era capaz de lisonjear minhas canções românticas. Talvez ela amasse como "Lua e Flor" Talvez a vitrine de meus desatinos fosse sólida ou esconsa demais para perceber.
Era como se um muro caísse sobre minha ponte, que liga minhas idéias e pensamentos aos meus sentidos.
Só restaram escoriações. Mas foi unicamente dócil.
Sua dança, meu raciocínio. Ela tomou posse. Adquiriu força e criatividade. Meus previlégios inundaram sua guarda, meticulosamente.
Um instante. Um sussurro. Uma emoção calorosa. Eu, ela e, sem mais, a noite.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Forte

Enquanto Netuno deslocava-se de Atlântida, eu deslocava-me da Terra. Meus heróis da história em quadrinhos nunca me contaram a verdade. E eu também nunca acreditei nos adultos. Agora, se eu mereço punição, quem melhor que o tempo pra dizer-me. Eu tinha meus meios de sobrevivência. Mas, poderia ser inútil usá-los contra o tempo. Não, jamais ousarei lutar contra o tempo. Ele tem fortes aliados. E eu, me considero pequena demais para isso. Aprendei a arte de amar, ou a arte da guerra, se necessário for, aprenderei alquimia e os segredos do ocultismo, bruxaria ou vulgaridades, mas minhas armas não serão dispostas aos inimigos, para exilarem-me.

Sem conceito algum

É, eu menti.
Mas foi você quem começou...
Achei que pudéssemos adiantar nossos desencontros, nossas quedas.
Mas acho que me enganei. De novo.
Eu sei que não tá sendo fácil pra você, mas pensa por mim também.
Tudo bem, eu não pensei em você.
Bom, você não vai me pedir desculpas, muito menos eu, nós dois erramos.
Somos dois egoístas.
E você não acredita em nossa pequena capacidade.
E eu sei que não somos capazes.

(Delirando)