sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Desequilíbrio escrito em vermelho

Olhei bem pra tua face e agradeci ao céu por estar ali. Teus olhos me diziam mais que um simples "te quero", que eu te devolvia com uma "frase-olhar", nada discreta: "também quero te devorar"...
Nos abraçamos como se tivéssemos nos visto há anos, e uma saudosa lembrança quase que imperceptível nos invadia a alma. Como mergulhadores de encontro às profundezas oceânicas, nos beijamos, dispostos a encarar cada nova descoberta; teu corpo, meu corpo. Nos afagamos e eu podia sentir teu corpo estremecer com o toque de minhas mãos, assim como meu corpo se contorcia ao toque de teus lábios. Tu me afagava os cabelos, a nuca, com a ponta dos dedos e aquilo me fazia delirar, excitando-me, amavelmente.
O quarto pequeno tornara-se, fantasiadamente, o universo inteiro, apenas pra nós dois; ao passo que aumentávamos nossos estímulos mentais ligados naquele místico e envolvente abraço a claridade daquela tarde ensolarada, vinda da janela, parecia cair ao pôr-do-sol, ou seria apenas surtos de nossos hormônios com o calor de nossos corpos despidos e colados com o suor um do outro; um choque perene.
Nada mais nos interessava naquele longo espaço de tempo. Fazíamos amor como qualquer outro casal, mas "sem malabarismos"... Apenas nos desejávamos mais ainda.
Inocência ou malícia, pecado ou perdão, loucura ou sabedoria, tudo ao mesmo tempo; tudo à seu tempo.
E aquela tarde, que não será esquecida, nos trouxe sensações jamais experimentadas, pois ali libertamos nossos medos e esquecemos se éramos culpados ou não...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Quando entrei em casa, Daniele arrumava suas coisas, provavelmente para ir embora.
Resolvi não ficar ali mais um dia também... Sempre me trazia recordações, que, no entanto, não me seriam favoráveis; peguei uma caixa e começei a colocar meus pertences, minhas roupas numa mochila, meus calçados; enquanto isso, a minha cabeça fervilhava idéias inúteis e um sentimento de desprezo invadia meu foro íntimo; ela chorava sem parar, e eu trancava o choro goela abaixo, mas era desnecessário, pois ela percebia minha angústia, sem sequer olhar nos meus olhos...
No dvd rolava um som conhecido e que caía bem naquele momento - Mudaram as estações, nada mudou, mas sei que alguma coisa aconteceu. Tá tudo assim, tão diferente. Se lembra quando a gente chegou um dia acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba. Mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém só penso em você e aí, então, estamos bem. Mesmo com tantos motivos pra deixar como está nem desistir, nem tentar agora, tanto faz... Estamos indo de volta pra casa... - É, estávamos indo de volta pra casa, nos abraçamos, mas sabíamos o quanto seria imperdoável pra nós mesmos se continuássemos...
Daniele vive tranqüilamente hoje. Mas eu ainda tento encontrar o que Daniele disse que iria encontrar: felicidade plena.

Relatos de Adriana, 16 de Fevereiro de 2008.

Longe Demais

Observei-a com cautela e fascínio. Ela andava meio desnorteada por causa do peso na mochila. Estava exuberando charme. Era como se uma "doçura" a envolvesse totalmente...
Marie tinha quatro aninhos e se comportava como uma mocinha, pronta para encarar a adolescência (aquela fase conturbada que muitos acreditam ser a pior!), quando ela, de repente parou e me encarou.
Desarmei-me. Não sabia como reagir. Ela estava radiante! Os cabelos amarelinhos, olhos verdes e a boca pintada de vermelho. Tão nova e já tão vaidosa! Segurei sua mão e perguntei-lhe:
- Que houve, Marie? Por quê paramos?
- Mamãe, é verdade que as pessoas quando crescem se tornam más?
Aquela pergunta me surpreendeu. Tal pergunta não faria sentido, saído da boca de uma menina de quatro anos. Mas respondí-lhe da maneira como poderia:
- Não, Marie, não é verdade. As pessoas se tornam más por vários motivos, e geralmente não só quando crescem. Se um pai ou uma mãe abandona uma criança, há chances dessa criança se tornar indiferente quando crescer, ou mesmo quando criança...
- Então, mamãe, acho melhor a senhora me mudar de colégio, por que aprendi isso lá. A professora se acha melhor que todos lá, mamãe, isso é feio, não é?
- É sim, Marie, e também acho que é melhor você estudar em um outro lugar.

Fiquei pensnando no que Marie me disse sobre sua professora, e percebi que existem pessoas ensinando desgraças aos alunos de idade entre quatro e cinco anos. O egoísmo e o orgulho torna as pessoas tão frágeis que são capazes de não passar ensinamentos úteis.
Pessoas com essa "incapacidade" deveriam afastar de pequeninos, que, por sinal, são mais sábios que nós, e nos transmitem idéias cativantes. Enquanto mais velhos, talvez por sua ignorância ou saliência pela sabedoria, acabam transtornando e prejudicando mentes ainda em desenvolvimento na infância.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Breve Sintonia

Vou deslocar as nuvens
Com meu olhar passageiro
Pressinto que nas estantes
Corra sangue verdadeiro
De poeta amado e raro
Como quem quer ser sugado
Para o mundo mensageiro

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Atalhos

Existem caminhos indicando qualquer direção
Será que existe um atalho ao coração?
O coração humano, sempre reservado
As vezes quieto, sombrio e calado...
As vezes alegre, mas que nunca revela
O que há por trás das paredes, da tela
De um coração que age conforme não quer
Sabendo que lá dentro há uma ferida a doer...
Ainda encontro um atalho para os corações
Que crepitam de ódio, arrastando nações
Pois é neles que se faz morada
A morada de um Amor Divino, que pode ser nada
Aos que vêem com desprezo total
Sei que o que precisam é de um toque final
Para que ainda haja Paz no mundo
O Amor Divino estancará profundo
Fazendo com que as chagas do rancor
Caiam por terra, assim que o Amor
Entrar em cena...
Em atalho, em arte, sem pena.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Olhares

Ele olhou nos meus olhos. Eu também o encarei, gostava daquele tipo de coisa, e raramente alguém me olha nos olhos sem antes olhar o meu corpo... Mas, ele me olhou bem diferente... E eu confesso que me envolvi... Não sabia se estava fazendo aquilo por que gostava ou por que também sentia algo que me acomodava quando ele me olhava... Mais um gole de Bacardi Limon... Ele, mais um gole de Vodka Sminorf... Bom, pelo ao menos só tomei aquela dose... A cidade estava deserta, e eu não soube esperar o Carnaval chegar... Quinta-feira... Um parque... Eu... Ele... Um beijo... Que beijo!...
Envolveu! Pronto! Não faltava nada mais... Certo... Tinha alguns pedentes a resolver, mas isso só depois da Quarta-feira de Cinzas...

(...)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Sonho? Onde?

A Broadway nunca contará a minha historinha, talvez por que eu não passe de uma garotinha que sonha em ser alguém na vida, que quer cantar e dançar, mas não conforme a música.

"É um castelinho de pedras, recheado de sonhos, em que a princesa quase morta de fome debruça-se sobre a janela, à espera do príncipe encantado... Mas cadê o príncipe? Ele também pouco se importa em vir salvar a princesa, ele tem um jogo de boliche ou de pôquer com os amigos e não pode desmacar... Então, a princesa fica lá no castelinho, até definhar completamente."

Que história triste! Ela não terminou com um final feliz. Não é assim que as histórias terminam. Minha confabulação está completamente desorientada, talvez eu esteja muito mal-informada, ou talvez a minha lógica não tem nada a ver com as convicções dos outros!

Nada interessante, nada a declarar. E eu não quero ser a princesa que aguarda o príncipe. Querem saber mais? Se eu fosse essa princesa eu seria mais inteligente e daria um jeito de sair daquela torre ridícula...